Regeneração natural do Cerrado e da Mata Atlântica

Publicação apresenta 102 espécies nativas que são típicas dos biomas. Técnica da regeneração natural para restauração de paisagens deverá ser amplamente adotada para cumprimento do Código Florestal

O novo Código Florestal criou a maior agenda de restauração florestal ecológica no Brasil. Dentre as técnicas para recuperar Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente (APPs), a regeneração natural é a mais barata para o produtor rural. Para contribuir com este grande desafio que é levar a restauração florestal para o chão, o projeto INPUT (Iniciativa para o Uso da Terra) lança o “Guia de Plantas da Regeneração Natural do Cerrado e da Mata Atlântica”, de autoria do biólogo Eduardo Malta Campos Filho e do engenheiro florestal Paolo Alessandro Rodrigues Sartorelli, com coordenação de Arnaldo Carneiro Filho, pesquisador sênior do INPA (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).

A publicação apresenta 102 espécies nativas, que são típicas da regeneração natural do Cerrado e da Mata Atlântica, biomas hoje largamente ocupados pela atividade agropecuária. O objetivo é possibilitar aos diversos atores envolvidos com a restauração florestal entenderem onde está ocorrendo a regeneração natural e seus benefícios. “A ideia deste guia é fomentar a discussão das demandas da lei florestal e também despertar o olhar de produtores rurais, técnicos e restauradores de campo para a regeneração natural como mais uma técnica de restauração”, relata o autor Paolo Sartorelli.

O guia busca despertar um olhar mais atento do leitor para plantas que crescem espontaneamente nas cidades e nos campos e que podem sinalizar a regeneração natural da vegetação nativa de uma área degradada. Para tanto, é preciso observar as espécies que lá ocorrem e o que há em volta. “Algumas são espécies que incomodam os produtores rurais nas áreas agrícolas, mas que podem ajudar muito na restauração, reduzindo custos com mudas e sementes”, explica o autor Eduardo Malta.

As espécies relacionadas no guia estão estruturadas pelo nome popular, científico e pela família. Além disso, são apresentadas as suas características, como capacidade de rebrota, forma de dispersão, interação com a fauna, onde ocorrem, e seus ciclos. Ilustrado e de fácil leitura, o “Guia de Plantas da Regeneração Natural do Cerrado e da Mata Atlântica” está disponível para download gratuito no site do projeto INPUT, acesse aqui.

“Restaurar ecossistemas e paisagens envolve um conhecimento prévio sobre a estrutura e a composição original desses espaços. Portanto, ter o olhar apurado para perceber plântulas, arbustos, moitas, verdadeiras ‘sementes’ das paisagens, é parte essencial da restauração de paisagens. Este guia é um instrumento valioso de percepção de plantas que podem indicar uma trajetória de regeneração natural”, avalia Arnaldo Carneiro Filho.

Em 2016, os autores lançaram o “Guia de Árvores com Valor Econômico” com uma seleção de árvores da Mata Atlântica e do Cerrado, para orientar estratégias de restauração florestal.