Um estudo inovador publicado na Nature Communications revelou como o sistema alimentar global afeta a biodiversidade terrestre devido ao uso da terra e às mudanças climáticas. Este estudo tem implicações importantes para o Brasil, uma nação com uma vasta biodiversidade e uma agricultura predominante.
O sistema alimentar global é um dos principais responsáveis pelas mudanças no uso da terra e pelas emissões de gases de efeito estufa, ambos impactando drasticamente a biodiversidade.
O estudo utilizou o modelo multi-regional de input-output EXIOBASE para estimar os impactos na biodiversidade decorrentes da produção de alimentos em 2011, considerando tanto a riqueza de espécies locais quanto a raridade das espécies.
Principais Descobertas
Os pesquisadores descobriram que as emissões de metano representam 70% do impacto total dos gases de efeito estufa na biodiversidade. Em várias regiões, as emissões de um único ano de produção de alimentos estão associadas a uma perda de biodiversidade global equivalente a 2% ou mais da perda total de biodiversidade causada pelo uso da terra naquela região.
No Brasil, o impacto do uso da terra na biodiversidade foi subestimado, especialmente em regiões ricas em espécies.
A métrica de riqueza ponderada pela raridade destacou os custos significativos para a biodiversidade em áreas como a Amazônia e o Cerrado.
Situação no Brasil
A agricultura no Brasil ocupa uma grande parte do território e é uma fonte significativa de emissões de gases de efeito estufa. O desmatamento para a criação de terras agrícolas é um dos maiores motores da perda de biodiversidade no país. Transformar florestas tropicais ricas em espécies em áreas agrícolas não apenas reduz a cobertura florestal, mas também afeta diretamente a diversidade de espécies locais.
Para mitigar esses impactos, o estudo sugere várias medidas que podem ser adotadas no Brasil e globalmente:
Práticas Agrícolas Sustentáveis: Implementar técnicas agrícolas que reduzam a necessidade de desmatamento e minimizem as emissões de gases de efeito estufa.
Políticas de Conservação: Desenvolver políticas que protejam áreas ricas em biodiversidade e incentivem a recuperação de terras degradadas.
Mudanças no Consumo: Promover dietas que dependam menos de produtos com alto impacto ambiental, como a carne bovina, cuja produção é uma das principais fontes de metano.
Uso de Tecnologia: Investir em tecnologias que aumentem a eficiência agrícola e reduzam a dependência de novas áreas para cultivo.
O estudo destaca a necessidade urgente de integrar considerações de biodiversidade nas políticas agrícolas e climáticas. Para o Brasil, isso significa equilibrar a produção agrícola com a conservação da biodiversidade, garantindo que o desenvolvimento econômico não ocorra à custa do meio ambiente. Adotar práticas sustentáveis e políticas de conservação pode ajudar a reverter a perda de biodiversidade e garantir a saúde dos ecossistemas terrestres para as futuras gerações.
Referência da notícia:
Boakes, E. H., Dalin, C., Etard, A., & Newbold, T. (2024). Impacts of the global food system on terrestrial biodiversity from land use and climate change. Nature Communications, 15(1), 5750.