O objetivo do empreendimento é promover resultados positivos nas comunidades visitadas, tais como geração de renda para seus moradores, fortalecimento do papel das mulheres, preservação ambiental e desenvolvimento sustentável local. Outro objetivo da empresa de turismo responsável é criar conexão entre as pessoas (anfitriões e visitantes).
No turismo responsável (ou comunitário), os próprios moradores das comunidades são responsáveis pelos serviços de receptivo, guiagem, etc Os atrativos são o artesanato, a gastronomia, projetos socioambientais, etc Além de vivenciar o dia a dia da comunidade, os turistas podem aprender com os anfitriões a produzir peças artesanais, a bordar, tecer, esculpir, cozinhar, entre outros ofícios.
A hospedagem pode ser em pousadas singelas e diferenciadas ou nas casas dos próprios moradores, que são mais do que guias, são verdadeiros anfitriões. As refeições são oportunidade para conhecer outros paladares, temperos e para interagir com as cozinheiras e anfitriãs dos roteiros.
Caminho contrário
Antes de criar a Vivejar, Marianne trabalhou durante dez anos desenvolvendo projetos de turismo responsável. Em 2006, Marianne e a amiga Mariana Madureira iniciaram um projeto de geração de renda, baseado em comércio justo para a produção artesanal de cerâmica de barro do Vale do Jequitinhonha (MG), uma das regiões mais vulneráveis do país.
As duas fundaram a empresa social Raízes Desenvolvimento Sustentável. Nesta experiência, perceberam o valor humano que havia naquelas belas peças, produzidas por mãos tão talentosas em uma comunidade com tantos desafios sociais.
Começaram a se perguntar, se não seria interessante fazer o caminho contrário: levar as pessoas dos grandes centros, que compravam as peças ao Jequitinhonha, para conhecerem as artesãs, seu dia a dia, a região e costumes. Assim nasceu o primeiro roteiro ‘Do Barro à Arte’ no Vale do Jequitinhonha, que hoje é um dos mais demandados da Vivejar.
O caminho ao contrário deu certo. Em 2012, Marianne foi finalista do Prêmio Empreendedor Social de Futuro da Folha de São Paulo, do Programa Women Change Maker Fellowship e do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade. Atualmente faz parte da Rede Mulher Empreendedora e é integrante do Conselho Fiscal do Sistema B Brasil.
Depoimentos
“Ter contato com modos de vida completamente diferentes é um convite à reflexão profunda e a uma autoavaliação. Além disso, o aprendizado, a partir do contato com pessoas de realidades diferentes, é surpreendente e emocionante”, ressalta Marianne.
Para Faustina Lopes da Silva, anfitriã da comunidade de Campo Buriti, no Vale do Jequitinhonha, “a renda é indiretamente para todos, porque aquilo que a gente pede a uma pessoa para fazer, um biscoito e paga ele, aí a renda circula né? Às vezes, as coisas que a gente não tem vai no vizinho, e aí é bom para ele também, né?”, diz ela.
“É bom desligar, mudar de lugar. E eu adorei! Principalmente o povo. Dei muito valor ao que eu tenho. Mas nunca tinha conhecido mulheres iguais a essas! São bárbaras! Ensinam tudo para nós”, declara Helena Siqueira Dornellas, participante do roteiro ao Vale do Jequitinhonha.
Transformação e empoderamento
Marianne acredita no poder do turismo como ferramenta de transformação e para o empoderamento feminino nas comunidades. “Trabalhamos principalmente com lideranças femininas, porque apostamos no potencial que a mulher tem de trabalhar coletivamente e de gerar desenvolvimento para si, sua família e sua comunidade. Elas estão prontas para mostrar sua realidade, trocar experiências, criar conexões com os visitantes e até mesmo apresentar seus ofícios e tradições”, explica.
A Vivejar é certificada como Empresa B pelo Sistema B Brasil, uma das certificações para negócios de impacto socioambiental existentes no mercado nacional e internacional. “Não somos as melhores empresas do mundo, mas queremos ser as melhores empresas para o mundo”, informa o lema dos empreendimentos sociais.
Mercado internacional
Em 2017, a Vivejar atendeu 50 pessoas em seus 7 roteiros. No Brasil, o Turismo Responsável ainda é pouco conhecido, justifica. O mercado internacional está na mira da empresa. No momento, a empresária informa que está fechando as primeiras parcerias com operadoras de turismo internacionais. A expectativa é de que, a partir de 2019, a Vivejar começará a levar grupos de estrangeiros para conhecer outros Brasis. Os roteiros mais demandados são o do Vale do Jequitinhonha e os da Amazônia.
Os 7 roteiros
Do Barro à Arte’ no Vale do Jequitinhonha, MG – durante 5 dias, os turistas acompanham desde a retirada do barro, modelagem, pintura e queima das peças nos fornos das artesãs. Eles se hospedam nas casas dos receptivos da comunidade, com todo o conforto. As refeições são feitas nas casas das artesãs, onde podem degustar as delícias da cozinha autenticamente mineira. O público-alvo são mulheres, estudantes e famílias. Custo: R$ 3.476 com acomodação dupla. O roteiro parte de Belo Horizonte e conta com duas noites em Diamantina. Idiomas disponíveis: português, inglês, francês e espanhol (sob consulta)
Segredos e Temperos da Amazônia, em Belém e Ilha de Cotijuba (PA) – este é um roteiro sensorial e gastronômico por excelência para conhecer as especiarias amazônicas, ainda por serem descobertas pelo mundo. São 6 dias para vivenciar as experiências únicas deste roteiro, que começa em Belém no Mercado Ver o Peso, onde os turistas conhecem os peixes, frutas, ervas, castanhas e aromas do rico bioma. Depois, segue para Cotijuba, uma ilha do arquipélago belenense, onde mulheres fortes e líderes apresentam a vida dos ribeirinhos, em oficinas de culinária, de biojóias e trilhas na floresta (com direito a luau em praia de rio). Os turistas se hospedam em pousadas comunitárias. Nas oficinas podem colocar a mão na massa junto aos moradores da comunidade.Público-alvo: mulheres e grupos de interesses específicos. Custo: R$ 4.189, com acomodação dupla. Idiomas disponíveis: português, inglês, sueco e italiano (sob consulta).
Rever o Rio – Morro da Babilônia, na cidade do RJ – este roteiro de apenas 1 dia oferece a oportunidade de rever a cidade do Rio de Janeiro de forma positiva, apresentando a vida de uma comunidade urbana em um dos maiores destinos turísticos do mundo, que está driblando seus desafios com sustentabilidade e inovação social. É um mergulho na comunidade Babilônia para conhecer o projeto Favela Orgânica, desenvolvido pela empreendedora social Regina Tchelly, de aproveitamento total de alimentos. Aprende-se pratos deliciosos e como apoiar a manutenção de hortas coletivas na comunidade. A experiência termina com caminhada na trilha Mirante Rio Sul, para contemplar uma das mais belas vistas do Rio. Há possibilidades de customização nesse roteiro com visitas a empresas B focadas em cursos MBA e pós-graduação no Rio de Janeiro. Custo: R$ 329 / individual em grupo de 10 pessoas.
Ilha do Bororé e uma outra São Paulo – apresenta os bairros do Grajaú e Ilha do Bororé, divididos pela Represa Billings, no extremo sul da cidade de São Paulo. Os turistas conhecem outro estilo de vida em plena capital paulista, onde há natureza, agricultura orgânica e biodinâmica, arte, sustentabilidade, grafite, inovação social e população ecoativa. O roteiro se inicia na estação CPTM Pinheiros às 9h e termina às 17h30. Idiomas disponíveis: português, inglês, sueco e espanhol (sob encomenda). Custo: R$ 389/individual em grupo de 10 pessoas.
Alter do Chão (PA) – uma viagem de imersão na realidade das populações ribeirinhas amazônicas, a bordo do belo e confortável barco Belle Amazon, durante 5 dias. Esta embarcação possui 9 cabines, sendo uma suíte máster (com vista panorâmica na frente do barco com cama de casal) e 8 cabines com cama de casal e uma cama beliche, sala de jantar e cozinha climatizados, área de observação a céu aberto para banhos de sol vista panorâmica. Os turistas visitam as comunidades nos rios Arapiuns e Tapajós, onde interagem com seus moradores, participam de oficinas de artesanato, rodas de conversa, caminhadas por trilhas e momentos de relaxamento em belas praias de rio. Idiomas disponíveis: português, inglês e espanhol. Custo: R$ 3.261 para grupo de 18 pessoas.
Presidente Figueiredo (AM) – este roteiro se inicia com o transporte de Manaus a Presidente Figueiredo, cidade a 107 km, pela BR 174 (Manaus/ Boa Vista-RR). Durante viagem de 2 horas, é possível observar a mudança entre mata desmatada e floresta nativa. É uma legítima imersão de 4 dias na floresta amazônica, permitindo aos turistas conhecerem a riqueza ambiental, cachoeiras e cavernas deste bioma tão importante para o equilíbrio climático do planeta. São feitas visitas à Floresta Amazônica e agrofloresta, na Área de Proteção Ambiental da Caverna do Maruaga. Os turistas ficam hospedados no charmoso Lodge Tropical Tree Climbing. Custos: R$ 2.480 em quarto triplo, em baixa temporada – jan a mai e out a dez; e R$ 2.330 em quarto triplo, em alta temporada – jun a set.
Uakari Lodge – Reserva de Mamirauá – Tefé (AM): este roteiro de 5 dias proporciona vivências inesquecíveis na Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, unidade de conservação estadual com 1.124.00 ha, entre os Rios Solimões, Japurá e Auati-Paraná. Os turistas ficam hospedados na Pousada Flutuante Uakari Lodge, referência em turismo de base comunitária, cuja gestão é compartilhada entre 9 comunidades e o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A renda gerada é revestida na manutenção da pousada e em benefícios sociais para as comunidades locais. Os visitantes conhecem esta rica região da Floresta Amazônica junto a guias e pesquisadores. Os destaques são:culinária regional, trilhas na floresta, fauna e flora, comunidades tradicionais, pesquisas científicas e navegação. Custos: R$ 2.280, em baixa temporada jan a mai e out a dez); e R$ 2.440, em alta temporada (jun a set) – não estão incluídas passagens aéreas de ida e volta a Tefé. (www.vivejar.com.br)