A proposta do vereador Luciano Diniz de custear escolas particulares para os funcionários da Câmara Municipal de Macaé revela uma inversão de prioridades inaceitável na gestão dos recursos públicos. Enquanto as escolas municipais enfrentam problemas estruturais, falta de profissionais e dificuldades na valorização dos educadores, a solução encontrada não é investir na melhoria da rede pública, mas garantir o acesso a instituições privadas para um grupo seleto de servidores.
Macaé, de fato, apresenta índices educacionais positivos, com IDEB acima das médias estadual e nacional e investimentos per capita expressivos. No entanto, números não podem maquiar a realidade vivida diariamente por alunos e professores. Salas de aula sem climatização adequada, infraestrutura deficitária, falta de auxiliares para crianças com deficiência e sobrecarga dos docentes são desafios que comprometem a qualidade do ensino. Além disso, a carência de professores é crônica, levando a greves e reivindicações frequentes por melhores condições de trabalho e salários dignos.
Diante desse cenário, o mais lógico seria direcionar qualquer novo investimento para fortalecer a educação pública, beneficiando não apenas os funcionários da Câmara, mas toda a população macaense. Se a qualidade da rede municipal ainda não é suficiente para acolher os filhos dos servidores legislativos, a solução não é criar privilégios para poucos, mas garantir que a escola pública seja boa para todos. Afinal, por que o ensino municipal não pode ser suficientemente qualificado para atender até mesmo os próprios vereadores e seus servidores?
A proposta de pagar escolas particulares com dinheiro público escancara a lógica do privilégio e da segregação. Em vez de reforçar o compromisso com a educação pública, essa medida sinaliza que o poder legislativo local não confia no ensino que deveria zelar. Se a Câmara reconhece a necessidade de oferecer um ensino de qualidade a seus funcionários, que assuma essa responsabilidade de forma republicana: investindo na rede pública e garantindo que todas as crianças e adolescentes de Macaé tenham acesso a uma educação digna.
A verdadeira prioridade deve ser o fortalecimento da escola pública, com melhores condições de ensino, valorização dos professores e ampliação do atendimento especializado. Transformar a educação municipal em referência é um dever do poder público, não um privilégio reservado a poucos.