XVI Feira de Responsabilidade Social Empresarial Bacia de Campos

Texto por Thereza Dantas
Fotografia de Pablo Vergara

Macaé é uma cidade com história recente. Foram mais 200 anos como Vila São João de Macahé para, a partir de 1846, se tornar a cidade de Macaé. O município tinha atividades pesqueira, pecuária e lavouras de cana-de-açúcar, laranja, tomate, café, mandioca, banana, feijão, milho, arroz e abacaxi. Mas na segunda metade do século 20, na década de 1970, se viu diante de uma notícia que mudaria completamente o rumo de sua vida pacata e a incluiria no mapa econômico do Brasil: a descoberta do petróleo na Bacia de Campos, a plataforma continental brasileira. Esse fato gerou a instalação da Petrobras na cidade e com isso uma série de mudanças aconteceram no município.

As novas notícias geradas por conta da exploração do petróleo, oscilam entre números como R$ 1,5 bilhão recebido em 2022, por conta dos royalties, e a poluição por esgoto in natura e compostos químicos das usinas que contamina a lagoa de Imboassica, uma das lagoas naturais que era usada como recurso hídrico e para atividades de lazer dos moradores de Macaé. Recentemente, a notícia da instalação de mais dez termoelétricas, além de duas usinas já em funcionamento na cidade, indicam a urgência de debates sobre Economia Sustentável, Transição Energética, a implementação de Agroflorestas e a a necessidade de informar sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ODS), 17 metas globais estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), para superar os desafios do nosso tempo, cuidar do planeta e melhorar a vida de todos.

Entre os dias 21 e 23 de Novembro, o Instituto Visão Socioambiental organizou a XVI Feira de Responsabilidade Social Empresarial na Cidade Universitária em Macaé. Foram três dias de palestras e conversas com diferentes tipos de profissionais, pesquisadores, comunitários e artistas sobre como a cidade de Macaé pode e deve se tornar inclusiva, compartilhando qualidade de vida e sustentável para a maioria dos moradores. O parceiro e patrocinador nessa jornada foi a ONG Earthworks, organização sem fins lucrativos que se dedica a proteger as comunidades e o meio ambiente dos impactos adversos do desenvolvimento mineral e energético, ao mesmo tempo que promove soluções sustentáveis. Esse ano, todas as palestras foram transmitidas pelo canal no YouTube do Instituto Visão Socioambiental.

No dia 21 de Novembro, na Mesa de Abertura reuniu os secretários do Meio Ambiente de Carapebus, sra. Melina Nascimento, e de Casimiro de Abreu, sr. Samuel Barreto Neves, a sra. Maria Auxiliadora Freitas de Souza, presidente Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima de Campos de Goytacazes, Patrícia Rodriguez, da Ong Earthworks, o empresário local Vitor Neves e a diretora da revista Visão Socioambiental, Bernadete Vasconcellos. Foram falas expressivas sobre a importância de ações coletivas e individuais para, num esforço conjunto, avançar no combate às mudanças climáticas, por meio da transição energética, tornando a energia limpa acessível a todos, e assegurando padrões de produção e consumo sustentáveis, tanto nos Oceanos como nos ecossistemas terrestres, para frear a perda da biodiversidade em Macaé e, se tudo der certo, no planeta.

Após a abertura, a XVI Feira de Responsabilidade Social Empresarial recebeu o prof. Aristides Soffiatti, autor de mais de 30 livros, que explicou como o conhecimento da História do ser humano pode auxiliar nas escolhas de como queremos viver no planeta. Os painéis Baía Viva e NUPEM/UFRJ trouxeram os relatos emocionados de quem vive do/no mar e na terra. Na entrada da Cidade Universitária em Macaé, foram montados estandes que ofereceram informações sobre o clima e o consumo da carne do cação, até a participação do Polo de Artesanato de Macaé, dos agricultores Celena e Toninho, e de coletivos de artistas e profissionais de tratamentos alternativos. Moradores e alunos da rede pública estiveram presentes e puderam usufruir dos conhecimentos da campanha “Filé de Cação é Carne de Tubarão”, como são obtidos os dados meteorológicos na região por meio do estande do Laboratório de Meteorologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), e uma Mostra de Cinema Ambiental.

No segundo dia, os pesquisadores trouxeram informações sobre Sistemas Agroecológicos, Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC), homeopatia popular, cannabis medicinal, medicina tradicional chinesa nas mesas organizadas pela curadora Bernadete Vasconcellos. A mesa “Consequências do Aquecimento dos Oceanos” que fechou a programação do dia 22 de Novembro, teve um caloroso debate com a presença de estudantes do EJA, sobre possíveis soluções individuais e coletivas para a preservar o Meio Ambiente da região de Macaé.

No terceiro e último dia, a professora Maria de Lourdes do Amaral fez uma apresentação sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, esse importante pacto global organizado pela ONU e que, por meio de 17 metas, pretende acabar com a desigualdade econômica e social e proteger o meio ambiente e o clima.

A mesa “Emergência Climática e as evidências ao longo da história de vida na terra” contou com a participação do biólogo Thièrs Wilberger e do técnico em Meio Ambiente, João Victor Lessa, trazendo informações sobre os diversos momentos em que o planeta passou por mudanças climáticas e quais as perspectivas para que, nesse atual momento, a humanidade possa frear o consumo de combustíveis fósseis, fazer uso sustentável das terras e dos recursos marinhos e se preservar!

Para finalizar a XVI Feira de Responsabilidade Social Empresarial, o master coach Antônio Múcio deu uma aula sobre como ressignificar a vida e as atitudes diante dos problemas e assim criar soluções positivas. As poetas Ana Paula Filgueiras e Sandra Wyatt, a Iandecy Tata, fecharam a XVI Feira de Responsabilidade Social Empresarial com suas poesias que tratavam das belezas naturais de Macaé e da longa viagem do planeta Terra no Universo!

A XVI Feira de Responsabilidade Social Empresarial proporcionou momentos de muitas trocas de informações e todos sentiram a ausência dos gestores de cidade que organiza há 16 anos, a Feira de Responsabilidade Social Empresarial.