Texto por Thereza Dantas
Fotografia de Pablo Vergara
O professor João Carlos Flores é um homem que respeita o Tempo. O engenheiro agrônomo tem seu trabalho de implementação de Agroflorestas reconhecido no Rio de Janeiro. No seu perfil no Instagram, @joaoagrofloresteiro, ele afirma que está convencido “de que a melhor solução para a regeneração da Natureza são as agroflorestas.”
Diante de um cenário de extremos climáticos, ampliada com da degradação dos biomas brasileiros, o sistema agroflorestal, ou mais popularmente conhecida como agrofloresta, pode ser adotado como um sistema redutor dos impactos da crise ambiental. Mas o que é uma agrofloresta?
Agrofloresta, ou sistemas agroflorestal, é a maneira combinada do uso do solo em uma mesma área e em um determinado tempo, que inclui o cultivo de plantas primárias, secundárias e definitivas, podendo utilizar também as hortaliças. Esse formato pode transformar uma terra desgastada ou um quintal, numa área autosustentável, segundo o prof. João Carlos Flores.
Mas não peça ao engenheiro agrônomo João Carlos Flores uma receita pronta de agrofloresta. “É preciso estudar o local, o bioma, para que a agrofloresta obtenha um bom resultado.” E outra questão muito importante para chamar seu pedaço de terra de agrofloresta é respeitar o Tempo.
Para o professor João Carlos Flores, as agroflorestas devem ser combinadas com a agricultura. Uma agricultura diferente da tradicional, conhecida como intensiva. “A agricultura que se pratica atualmente é degradante, agressiva, que não pensa na preservação, uma questão muito importante nos dias de hoje.” avalia o professor. “Se você só praticar a agricultura intensiva, que eu considero ostensiva, o solo ficará degradado, intoxicado, e ficará cada vez mais dependente dos recursos hídricos por meio da irrigação. Acredito que esse tipo de agricultura não produzirá alimentos saudáveis para toda a população.”
Mas uma agrofloresta não se limita somente ao plantio de mudas de árvores e da agricultura. Para que dê certo é importante a presença de insetos, aves, mamíferos, seres vivos que prestam “serviços ambientais” como a dispersão das sementes e a fertilização do solo. Essa união constrói o equilíbrio ecológico. Quanto maior a biodiversidade da fauna e flora melhor será o processo de restauração e mais rica será a nova floresta.
A agrofloresta é o contrário da monocultura, independente do tipo de planta. Pode ser utilizado para restaurar florestas e recuperar áreas degradadas pois ela compreende espécies arbóreas ou arbustivas, frutíferas, madeiráveis ou adubadoras. Para o professor João Carlos Flores a implementação de sistema agroflorestais é a certeza de que haverá alimentos para todos no futuro. “A monocultura, pode ser hortaliças ou de eucalipto, é prejudicial para o solo. Ele atrai pragas, doenças porque só produz um tipo de trabalho fotossintético”, explica o professor João Carlos Flores.
Na agrofloresta, a riqueza de tipos de seres vivos leva à autosustentabilidade, sem a necessidade de aplicação de agrotóxicos ou nutrientes nas plantas e no solo que comprometem a qualidade da água que utilizamos. A agrofloresta melhora o uso da terra, concilia a preservação ambiental com a produção de alimentos. Um sistema que pode ser uma boa solução para a crise climática que estamos vivendo atualmente.