O mês de julho de 2020 foi o segundo julho mais quente da história, no segundo período de sete meses mais quente da história, após a década mais quente da história. Os dados foram divulgados do dia 14 de agosto pela Noaa (Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA) para mostrar a todos os viajantes espaciais que tenham descido agora na Terra que a mudança climática segue impassível.
Segundo o boletim mensal da Noaa, o mês de julho teve temperatura 0,92oC mais alta do que a média do século 20. Ficou atrás apenas de julho de 2019, e mesmo assim por pouco: 0,01oC a menos. No hemisfério Norte, foi o julho mais quente de todos os tempos, com temperaturas 1,18oC mais altas que a média do século 20.
Este é o 44o mês de julho e o 427o mês seguido desde o início dos registros, em 1800, com temperaturas maiores que a média do século. No ano até aqui (janeiro a julho), segundo a Noaa, as temperaturas no globo ficaram 1,05oC acima da média do século 20, perdendo apenas de 2016, e também por pouco: 0,04oC. A permanecer a tendência, 2020 será o segundo ano mais quente de todos os tempos.
Nos próximos dias, a Nasa também informará os dados de julho. Como a agência espacial considera o Ártico em suas medições, algo que a Noaa não faz, é possível que o resultado seja ainda mais expressivo, já que a zona polar é a região que aquece mais rápido no mundo.
O ano até aqui tem registrado tantos extremos climáticos que alguns até escapam da memória. A Noaa postou em seu boletim uma foto das Cataratas do Iguaçu, que neste ano ficaram quase sem água após uma estiagem recorde no Paraná; para ficar só na região do Prata, as temperaturas ali ficaram acima da média e a Argentina, o Rio Grande do Sul, o Uruguai e Santa Catarina tiveram uma alta expressiva no número de queimadas.
O gelo marinho no Ártico atingiu sua menor extensão para julho desde que começaram as medições com satélites, em 1979 – 23% abaixo da média 1991-2010; corais sofreram epidemias de branqueamento na Austrália e no Nordeste do Brasil; e partes da Austrália tiveram o maior déficit de chuvas da história.
E vem mais por aí: na semana passada, a mesma Noaa afirmou que a temporada de furacões do Atlântico, que está começando, deve ser “extremamente ativa”. Até o começo de agosto, nove tempestades tropicais foram fortes o bastante para receber nome próprio. A média para o período é de duas tempestades batizadas até a primeira semana de agosto. A previsão é que haja, até novembro, de 7 a 11 furacões – de três a seis podem ser grandes furacões, com ventos acima de 178 km/h.