Martinho Santafé
Hoje, pelo terceiro mês consecutivo, a reunião mensal ordinária do COMMADS (Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Macaé) não aconteceu por falta de quórum. Isso é muito grave, pois se o Conselho funcionasse como deveria, certamente daria uma grande contribuição para melhorar a qualidade de vida dos macaenses.
Seria reflexo do desinteresse da grande maioria de seus integrantes? Em parte, pode ser. Porém, lembrando o genial Darcy Ribeiro (“A crise da Educação no Brasil não é uma crise, mas um projeto”), acredito que o esvaziamento do COMMADS também seja um projeto dos segmentos que estão sempre mudando para que tudo continue do mesmo jeito. Como também acabaram com a Agenda 21, sintoma do desprezo em relação às instituições de controle social.
Em uma cidade com tantas demandas ambientais e tantas riquezas naturais degradadas, mas onde os recursos do Fundo Ambiental não são utilizados por causa do sucessivos (e ilegais) contingenciamentos, faltando dinheiro até para papel higiênico na Secretaria do Ambiente, a gestão nesta área tão estratégica torna-se inviável. Não é por acaso, pelo contrário, há muitos interesses envolvidos.
A falência do COMMADS é só um detalhe em uma cidade que vem decretando a insolvência em quase todas as áreas, embora – sempre repito -, tenha orçamento anual em torno de R$ 2 bilhões, um dos maiores entre os mais de 5.000 municípios brasileiros.
Mas dessa riqueza fake, quase 60% vão para o custeio de uma máquina administrativa que, na maioria dos casos, deixa muito a desejar. É o preço de outro projeto tão apreciado pela governança: crescimento desordenado e sem limites, onde meia dúzia ganha muito e a maioria perde. E, ainda por cima, é obrigada a pagar impostos sempre reajustados acima da inflação.