A mídia corporativa regional está anunciando a visita do presidente Lula ao interior do Porto do Açu para participar da inauguração da Usina Termelétrica (UTE GNA II). A construção desta usina, contou com o generoso aporte R$ 7 bilhões de investimento por ter sido incluída no chamado Novo PAC. Além da UTE GNA II, o complexo de geração de energia elétrica no Porto de Açu reúne a UTE GNA I, com 1,3 GW, e um terminal de gás natural liquefeito (GNL), ambos em operação desde 2021. Com 3 GW de potência instalada, o conjunto é apresentado como sendo o maior do gênero em operação na América Latina.
Enquanto Lula certamente será apresentado às belas maquetes do Porto do Açu e brindado com os melhores canapés que chefes de estado devem merecer, uma outra história menos brilhosa continua rolando do lado de fora das cercas do Porto do Açu.
Falo aqui da continua saga de cetenas de agricultores desapropriados há mais de uma década que continuam sem receber um centavo por suas propriedades e de pescadores artesanais que tiveram seu acesso fechado à Lagoa de Iquipari e outros corpos lacustres em nome da proteção ambiental que, na verdade, não passa de uma forma violenta de desterritorialização.
E antes que eu me esqueça, há que se lembrar que dado o tamanho desse empreendimento e sua capacidade poluidora, ainda vamos ouvir muito das consequências socioambientais de um empreendimento que só deverá ser acionada, e a preço tão salgado quanto as terras contaminadas pelo sal dos aterros hidráulicos do Porto do Açu, em momentos de bandeira vermelha.
E adivinhem quem serão os principais atingidos por essa poluição toda? Acertou quem respondeu os perdedores de hoje, agricultores e pescadores que ainda resistem no território do V Distrito de São João da Barra.