No Brasil, 80% da energia utilizada nos transportes é de origem não renovável. A pesquisadora da FGV Energia Tamar Roitman explica que melhorias na eficiência desse setor podem reduzir significativamente as emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa e outros poluentes, contribuindo para minimizar o seu impacto no meio ambiente e na qualidade de vida da sociedade. Tamar Roitman diz que os países devem adotar medidas regulatórias, como o estabelecimento de padrões de eficiência energética em veículos. Ressalta que, entre as estratégias disponíveis, estão a promoção de incentivos fiscais para carros mais eficientes, como a redução de IPI para carros flex, adotada por algum tempo no país, além de programas de etiquetagem: “Medidas informativas como o Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular podem ser adotados de forma simples. Selos exibem uma classificação dos modelos quanto à eficiência energética, além de informações sobre o consumo energético na cidade e na estrada. A disponibilidade desse tipo de informação ao consumidor resulta em mudanças comportamentais e permite escolhas melhores ao adquirir um veículo”.
A pesquisadora da FGV Energia sugere ainda outras estratégias como a promoção de biocombustíveis e o incentivo a carros e outros meios de transporte elétricos, contanto que a energia advenha de fontes renováveis. “A adoção de meios de transportes não motorizados, como o uso de bicicletas e deslocamentos a pé, também pode ser estimulada como medidas que custam pouco aos cofres públicos e ainda podem ser realizadas em parceria com a iniciativa privada, como a implantação de ciclovias e ciclofaixas, serviços de compartilhamento de bicicletas, aumento do tamanho de calçadas e estabelecimento de zonas livres de carros, entre outras”, propõe Tamar Roitman.
Transporte de cargas – A especialista afirma que as soluções para o setor devem passar pela substituição do modal rodoviário para o ferroviário ou, ainda, para o marítimo, com uso da cabotagem, que poderia ser mais explorada no Brasil. “As viagens de curta distância de passageiros poderiam ser feitas por trens, em vez de avião, trazendo ganhos de eficiência, mas essa forma de locomoção é praticamente inexistente no Brasil”, explica a pesquisadora.
Soluções urbanas – Tamar Roitman lembra que as soluções convencionais, além de exigirem alto investimento em infraestrutura, não são eficazes na redução dos congestionamentos. Segundo ela, os engarrafamentos não são resolvidos com a construção de novas vias. “Nessa linha, podemos citar o rodízio de carros na cidade de São Paulo e o banimento total para carros, como é o caso de parte da avenida Rio Branco, no Centro do Rio de Janeiro. Outra solução que tem despertado a atenção de diversas prefeituras é a tarifa de congestionamento, também chamada de pedágio urbano. Esse mecanismo é utilizado em cidades como Singapura, Londres, Estocolmo e Santiago. Em geral, ônibus, táxis, motocicletas, além de veículos híbridos e elétricos, entre outros, são livres para trafegarem sem cobrança”, explica a pesquisadora da FGV Energia. Ela acrescenta que, entre os principais benefícios dessas soluções, estão o aumento da velocidade média, permitindo que o trajeto seja feito em menor tempo, a melhoria da qualidade do ar, devido à redução das emissões de poluentes, e a geração de receitas, que podem ser investidas no aprimoramento do sistema de transportes da cidade, incluindo o transporte público.
Fonte: FGV Energia