Ferramenta natural, feita de repolho, ajuda a identificar água contaminada

"Colores del rio" foi desenvolvida por americana e está em fase de protótipo; ela usa as propriedades natural do vegetal que muda de de acordo com o pH da água

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Para detectar elementos que contaminam a água, um problema crescente no mundo, uma americana criou uma ferramenta natural, feita de repolho, que identifica esses materiais contaminantes.

Melissa Ortiz é uma ex-professora de ensino médio, que agora cursa um mestrado em design industrial na California College of the Arts, onde desenvolveu uma “pastilha” feita completamente de resíduos de repolho roxo, provenientes de uma comunidade local, e chamada de “Colores del Rio”.

Segundo a revista “Fast Company”, a composição química do repolho faz com que o vegetal mude de cor de acordo com o pH da água, se tornando vermelho-rosado, quando a água está ácida, ou verde amarelado, quando a água está alcalina.

O pH da água pura, é neutro, com o valor sete. Qualquer substância com um valor abaixo (0-6) é considerada ácida ou básica acima disso (8-14). Segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), algumas substâncias têm seus efeitos tóxicos atenuados ou magnificados em pHs extremos (muito ácidos ou básicos), como aquelas presentes em despejos de produtos químicos.

Segundo a Cetesb, pH abaixo de 5, indicando acidez, podem provocar morte de peixes e pHs alcalinos entre 9 e 10 podem ser prejudiciais em certas ocasiões.

O repolho roxo foi recolhido de um lixo e, depois, Melissa trabalhou com estudantes do ensino médio para fervê-lo, desidratá-lo, moê-lo até virar pó e misturá-lo com goma xantana, que atua como aglutinante.

Essa mistura é prensada em um molde que cria um objeto parecido com uma orelha, que Melissa afirma simbolizar o padrão do rio Salinas, da região da costa central da Califórnia, de acordo com a revista.

Em seu site, Melissa também identifica a “Colores del Rio” como uma “ferramenta de envolvimento comunitário que representa o ativismo do biodesign em resposta a questões sistêmicas locais que envolvem a indústria da monocultura, a bacia hidrográfica do Rio Salinas e as comunidades impactadas”.

O projeto recentemente ganhou um prêmio de “crítica social excepcional” no Biodesign Challenge 2023. Em um vídeo, Melissa conta como a monocultura na Califórnia resulta na contaminação da bacia do Rio Salinas. Sua mãe morreu de Parkinson após ser exposta a pesticidas na água, na década de 1980.

Em fase de protótipo, a “Colores del Rio” está sendo trabalhada com a ajuda da Xinampa, organização sem fins lucrativos em Salinas, e o departamento de ciências do colégio Mount Toro High School.