Com entrada gratuita, Museu Goeldi sedia mais de 200 eventos durante a COP30

Unidade de pesquisa mais antiga da Amazônia, reconhecida como a “casa da ciência e dos povos”, une-se a outras instituições e abre suas portas para acolher comunidades, cientistas e autoridades no debate global sobre mudanças climáticas.

Por Andréa Batista

Agência Museu Goeldi – O Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) – um dos espaços de referência científica, cultural e diplomática da programação paralela da Conferência das Partes (COP30), evento das Nações Unidas que acontece em Belém-PA – vai sediar mais de 200 eventos, a partir deste sábado (8/11). Serão 14 dias de painéis, palestras, mesas-redondas, encontros de comunidades, oficinas, exposições, entre outros. As atividades estarão distribuídas nas duas bases físicas da unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), na capital paraense: o Parque Zoobotânico e o Campus de Pesquisa. Nesses dias, a instituição – reconhecida como casa da ciência e dos povos – mantém suas portas abertas ao público, de domingo a domingo, de forma gratuita. 

A expectativa do diretor do Museu Goeldi, Nilson Gabas Júnior, é de que a instituição contribua fortemente para as discussões globais em Belém: “Construímos com nossos parceiros uma programação comprometida com a ciência, com representantes de comunidades tradicionais da Amazônia e sobre a sociobiodiversidade amazônica. Nesse contexto, cada vez mais entendemos que a Conferência não poderia ser em outro lugar senão aqui na Amazônia, em Belém. Isso pela importância global do bioma e pela oportunidade de se mostrar potencialidades e necessidades comuns às cidades da Pan-Amazônia e até de países e regiões que enfrentam situações parecidas. A nossa forma de fazer ciência considera o poder das comunidades. Esse poder é imenso, e essa COP vai mostrar isso”.

Nesse período, o Parque e o Campus do Museu Goeldi vão receber delegações nacionais e internacionais e serão sedes de instituições parceiras. Com o apoio de outros colaboradores, estas presenças institucionais resultaram em, pelo menos, quatro grandes programações: a “Casa da Ciência” (do MCTI com o MPEG), a “Casa Chico Mendes” (Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima MMA e do Comitê Chico Mendes), “Estação Amazônia Sempre” (do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e parceiros, como a Rede BioAmazônia), “Embaixada Planetária” (da Embaixada da Suíça). As programações completas serão reunidas ainda esta semana, em um hotsite construído pelo MPEG.

Casa da Ciência – A “Casa da Ciência” será aberta na terça-feira (11/11), às 10h, com as presenças da ministra Luciana Santos (MCTI); do presidente da Finep, Luiz Elias; e do diretor do MPEG, Nilson Gabas Jr. A programação – que vai até o dia 21 – conta com 45 eventos, entre palestras, painéis e mesas-redondas, além de exposições sobre Ministério – que completou 40 anos –, e sobre iniciativas tecnológicas, sociais e ambientais desenvolvidas na Amazônia, visando a conservação, a sustentabilidade e a melhoria da qualidade de vida das comunidades locais. A maior parte dos eventos se realizará na Biblioteca Clara Galvão e no Auditório Alexandre Rodrigues Ferreira no Parque Zoobotânico (Avenida Governador Magalhães Barata, 376 – São Brás, Belém-PA).

Casa Chico Mendes – A “Casa Chico Mendes” é resultado da parceria do MPEG com a Secretaria Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, com o Comitê Chico Mendes, com o Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS) e com a Fundação Banco do Brasil. A programação conta com cerca de 50 atividades, divididas por temáticas (uma por dia) e reunirá vários tipos de eventos, desde encontros das mulheres indígenas e extrativistas e da juventude das águas e da floresta a apresentações culturais e “Marcha do Clima”, passando por oficinas e mesas-redondas. As atividades começam nesta sexta-feira (dia 7), às 18h, com a apresentação do Plano Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais, e se estendem até o dia 21, no Auditório Paulo Cavalcante e em outros espaços do Campus de Pesquisa do MPEG (Avenida Perimetral, 1901, Terra Firme, Belém-PA).

Estação Amazônia Sempre – Resultado da parceria entre o Museu Goeldi e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) – a “Estação Amazônia Sempre” será aberta oficialmente, às 17h da segunda-feira (10/11), mas os eventos (mais de 120) começam um dia antes e terminam no dia 21. A programação foi cocriada e selecionada junto a uma rede de parceiros e organizações, por meio de uma chamada aberta, e objetiva promover diálogos inclusivos sobre o futuro da Amazônia. Serão realizados seminários, palestras, rodas de conversas, entre outros, incluindo as atividades da Rede Bioamazônia que engloba instituições de pesquisa da Pan-Amazônia, entre as quais o Museu Goeldi. As atividades serão concentradas no Auditório do Centro de Exposições Eduardo Galvão e no Chalé Rodolfo de Siqueira Rodrigues e no entorno do Espaço Raízes, localizados no Parque Zoobotânico (Avenida Governador Magalhães Barata, 376 – São Brás, Belém-PA).

Embaixada Planetária –  A “Embaixada Planetária” é um espaço aberto à realização de reuniões com parceiros, abordando temas como bioeconomia, inovação e sustentabilidade, na Amazônia e no mundo. O objetivo é fortalecer a agenda “Road to Belém”, que reúne diversas atividades da rede suíça no Brasil, objetivando o impacto além da COP30. Um dos projetos-chave dessa agenda é a restauração da “Casa Goeldi”, no Parque Zoobotânico (PZB) do Museu Goeldi. A abertura está agendada para às 8h da segunda-feira (10/11), com um evento de apresentação do projeto, no Chalé João Batista de Sá e no entorno da Casa Goeldi, no PZB (Avenida Avenida Governador Magalhães Barata, 376 – São Brás, Belém-PA). 

Exposições e painéis artísticos 

Além dessas programações, o Museu Goeldi concentrará várias exposições que unem arte, educação e ciência, além de painéis artísticos que foram pintados em vários locais do Parque Zoobotânico e do Campus de Pesquisa. São alguns destaques: 

  • Brasil: Terra Indígena –  A abertura está marcada para às 9h do sábado (8/11), no mezanino do Centro de Exposições Eduardo Galvão, no PZB. A exposição mostra ao público a história da presença cultural dos povos indígenas no território nacional e, com acervo de 2 mil peças, evidencia o protagonismo indígena na relação sustentável com a terra e na formação essencial da identidade brasileira. A curadoria técnico-científica é compartilhada entre o Museu Goeldi e o Instituto Cultural Vale – ICV.
  • Impressões da Floresta – Também programada para ser aberta no sábado (8/11), às 11h, no Castelinho do Parque Zoobotânico, a exposição é resultado de um projeto artístico-cultural com compromisso socioambiental, idealizado pelas artistas Anna Leal e Laura Calhoun. São onze painéis em cetim e musseline de seda, produzidos por meio da técnica conhecida como impressão botânica, que usa folhas de plantas. 
  • Diversidades Amazônicas – Com lançamento previsto para às 10h da segunda-feira (10/11), no térreo do Centro de Exposições Eduardo Galvão, no Parque Zoobotânico, a exposição contraria a ideia de uma floresta “intocada” e apresenta a Amazônia ancestral como um mosaico diverso, habitado por milhões de indivíduos e suas centenas de línguas. É a mostra permanente do Museu Goeldi, que passou por uma reformulação, com o apoio do BID, Unesp e MCTI. 
  • Mural Mahku – Os mitos do “Jacaré-ponte” (Kapewë Pukenibu) e da Ayahuasca (Yube Inu, Yube Shanu), centrais na cosmologia Huni Kuin, estão retratados em um conjunto de dois painéis pintados pelos seis integrantes do Movimento de Artistas Huni Kuin (Mahku), de forma permanente, no hall do Centro de Exposições do Museu Goeldi (Parque Zoobotânico). Os painéis estarão abertos à visitação pública, a partir deste sábado (8/11). 
  • Um Rio não Existe Sozinho –  A mostra coletiva do Instituto Tomie Ohtake em parceria com o Museu Goeldi reúne obras de nove artistas de diferentes regiões do Brasil e de um escritório de arquitetura. O Parque Zoobotânico do MPEG é a matéria viva, o ponto de partida e a inspiração para os trabalhos concebidos em diálogo direto com o ecossistema local, respeitando sua delicada dinâmica e propondo uma convivência sensível com seus ritmos, sons, cheiros e presenças. 
  • Arte muralista do Maub – São 19 painéis autorais produzidos por artistas selecionados em edital público, resultado da parceria entre o Museu de Arte Urbana de Belém (Maub) e o Museu Goeldi (MPEG). Eles formam uma galeria a céu aberto cujos suportes são os muros do Parque Zoobotânico e o Campus de Pesquisa, bases do MPEG. O muralismo compartilha com a população a riqueza dos acervos e dos conhecimentos produzidos pela primeira unidade de pesquisa da Amazônia, fazendo a interrelação entre ciência, cultura, arte urbana e educação.