Por Marcos Pedlowski
Enquanto a região do sul do Brasil se prepara para mais uma situação de evento meterológico extremo e tem-se a confirmação de que estamos vivendo um período de aquecimento agravado da atmosfera da Terra, o governo Lula continua tocando o barco e liberando mais agrotóxicos para venda e consumo em território nacional. É que hoje o Diário Oficial da União trouxe a publicação do Ato Nº 58, de 3 de dezembro de 2025, liberando mais 22 agrotóxicos do tipo “produto técnico” que são a versão concentrada que antecede a formulação dos produtos que serão vendidos.
Uma primeira análise da lista de 22 agrotóxicos, um padrão comum em todo o ciclo de autorizações que o Blog do Pedlowski acompanha desde 2019 se confirma: 19 desses produtos são fabricado na China, o que mantém o principal comprador das commodities brasileiras na posição de maior fornecedor de venenos agrícolas.
Outro elemento comum que já mostrado em outras publicações neste blog é que a maioria dos produtos liberados (pelo menos 14) são de produtos que foram proibidos ou sequer autorizados para uso pela União Europeia (UE). No caso do herbicida Clorfenapir a proibição na UE se deu em 2001 em função dos problemas ambientais e para a saúde humana, sendo que para outro herbicida, o Ciproconazol, a proibição é de 2004. E não podemos esquecer do Imazetapir, herbicida que foi proibido na UE em 2002 por causa da sua toxicidade para o desenvolvimento ou reprodutiva, carcinogenicidade, etc.), e por sua alta persistência ambiental e periculosidade. Outros dois herbicidas, Diclosulam e Fomesafen, sequer chegaram a ser autorizados para uso na UE, mas estão sendo liberados para venda e consumo no Brasil.
O moral da história é o seguinte: por detrás dos discursos de responsabilidade e de compromisso com a agroecologia, o que temos na prática é uma enxurrada de aprovações que aumentam a exposição dos brasileiros a poderosos venenos agrícolas que adoecem os brasileiros via contato direto, consumo de alimentos e ingestão de água contaminados por um complexo coquetel de substâncias químicas banidas em outras partes do planeta.









