Os suíços aprovaram no domingo(21) em referendo, por 58,2% dos votos, a chamada Estratégia 2050, que visa a reduzir o consumo de energia, aumentar a eficiência energética, promover as energias renováveis e proibir a construção de novas usinas nucleares. A informação é da Agência EFE.
Apenas quatro regiões, Argóvia, Glarus, Obwalden e Schwyz, rejeitaram a nova lei, na qual o governo da Suíça começou a trabalhar após o acidente nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011, para deixar a era atômica para trás e estabelecer as bases de um ambicioso projeto de transformação energética na Europa.
A Suíça conta com cinco centrais nucleares, que serão desativadas assim que for cumprida sua vida útil, daqui a 20 ou 30 anos.
Um terço da energia produzida pelo país é de origem nuclear, 60% procedem de usinas hidrelétricas e o resto de usinas termelétricas e de várias fontes de energia renovável.
Considerando que, com a nova lei, a Suíça não poderá contar no futuro com um terço da energia que produz atualmente, a Estratégia 2050 estabelece uma redução do consumo de energia e eletricidade.
Em média, cada pessoa deve diminuir o consumo energético em 16% até 2020 e em 43% até 2035, em comparação com o ano 2000, e o de eletricidade em 3% e 13%, respectivamente.
Para compensar essa redução, a Suíça pretende aumentar a produção de energia por meio de recursos renováveis como solar, eólica e geotérmica, biomassa e o biogás.
O financiamento do estímulo às energias renováveis será bancado por aumento na conta de luz de residências e empresas. A estimativa para uma família de quatro pessoas e com um consumo médio é de um aumento de 40 francos (cerca de R$ 130).
Os opositores da iniciativa, entre eles alguns partidos políticos, alegam que os custos serão muito maiores e que o governo “omite” as despesas reais. Eles afirmam que a lei custará, nos próximos 30 anos, 200 bilhões de francos (R$ 668 bilhões), o que representa anualmente para uma família com quatro pessoas aumento de 3.200 francos (R$ 10.690) em impostos e despesas.
Eles também argumentam que a exigência de reduzir quase à metade o consumo energético nos próximos 18 anos requer “medidas drásticas” aos suíços, com instalações novas nas residências e com mais burocracia e proibições. Destacam que a lei provocará perdas de postos de trabalho e de conforto, sobretudo no turismo, no comércio varejista e nos setores manufatureiros, e que as instalações eólicas e fotovoltaicas adicionais “desfigurariam” a paisagem.