A ora-pro-nóbis ou azedinha, como também é conhecida, ressurgiu do conhecimento popular para protagonizar o meio acadêmico em razão das suas qualidades nutricionais e terapêuticas. A nova cartilha da Série Produtor Rural, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP em Piracicaba, esclarece os efeitos que a ora-pro-nóbis pode causar na sua ingestão como alimento e como planta medicinal. A publicação Plantas Medicinais: Ora-Pro-Nóbis está disponível gratuitamente para download no site da Divisão de Biblioteca da Esalq e no Portal de Livros Abertos da USP, sendo que a partir desta edição passará a ser publicada somente on-line.
Essa planta pode ser utilizadas em culinária, onde são consideradas PANC (plantas alimentícias não convencionais), como uma fonte rica de proteínas, essencial para crianças, idosos e pessoas com dietas vegetarianas ou veganas. Já em relação às suas propriedades terapêuticas, a ora-pro-nóbis é perfeita para quem valoriza remédios naturais. E ainda pode ser utilizada em decoração, já que é uma planta ornamental que forma cercas vivas com flores exuberantes que atraem abelhas, além de produzirem frutos amarelo alaranjados deliciosos.
Seu vigor e resistência a pragas tornam a ora-pro-nóbis ideal para o cultivo em qualquer solo, apresentando uma alternativa alimentar acessível para populações de baixa renda e um reforço financeiro para o pequeno produtor rural. Além disso, a ora-pro-nóbis é um destaque na culinária tradicional de Minas Gerais, e está ganhando espaço em novas receitas e merendas escolares, como apontam os autores Vinicius Nicoletti, bacharel em Ciências Biológicas, e Lindolpho Capellari Júnior, docente do Departamento de Ciências Biológicas.
A cartilha
Composta de 27 páginas, a cartilha se divide em Introdução; Aspectos Botânicos (caracterização de gênero, distinção entre espécies e distribuição geográfica); Cultivo e Usos; e Considerações Finais. A publicação trata de três espécies do gênero Pereskia. “Há um interesse industrial agronômico crescente no uso de folhas de Pereskia aculeata tanto como adubo como na produção de ração animal, bem como na área alimentícia, cosmética e farmacêutica, devido ao seu alto teor do 1biopolímero arabinogalactana1, uma fibra vegetal. Os frutos podem ser usados como os de Pereskia aculeata, mas também para o preparo de sorvete”, informam os autores.
Já as folhas de Pereskia bleo, cruas ou cozidas, são apreciadas como verdura na Malásia, onde foram introduzidas, porém também são usadas na prevenção de câncer de mama (Panamá e Malásia), mas os autores comentam que “estudos realizados sobre tal propriedade ainda causam polêmica”. Segundo eles, as folhas podem ser refogadas, usadas em farofas, sopas, omeletes e pães, ou ainda, consumidas cruas em saladas. Por fim, as folhas de Pereskia grandifolia também podem ser consumidas “se cozidas, pois cruas vão causar picância na garganta, provavelmente devido à presença de saponinas. Já após um branqueamento, as folhas podem ser empregadas em bolinhos fritos e refogadas com carne. O uso, no entanto, dessa espécie na culinária, deveria ser melhor estudado”, dizem.
Os autores destacam que cada vez mais estão surgindo novas receitas e novos trabalhos realizados com essa “hortaliça”, e que o seu consumo só não é maior pela baixa oferta nos mercados, alertando que isso deve ser repensado com certa urgência, face aos inúmeros produtos hortícolas produzidos com alto índice de insumos agrícolas e com preços muito altos. “Associado às questões alimentares, a ora-pro-nóbis apresenta efeitos terapêuticos comprovados e deveria ser mais cultivada por aqueles apaixonados por farmácias caseiras”, concluem.
Para baixar gratuitamente a publicação clique aqui.
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Com informações de Alicia Nascimento Aguiar, da Divisão de Comunicação da Esalq