Promotoria de Justiça instaura inquérito civil para apurar maus-tratos a búfalas em Brotas

Animais foram encontrados pela Polícia Ambiental em situação de abandono. Proprietário nega.

A Promotoria de Justiça de Brotas (SP) instaurou inquérito civil na quinta-feira (2) para apurar a situação das búfalas encontradas em situação de maus-tratos na Fazenda São Luiz da Água Sumida no início de novembro.

O procedimento cita não apenas a situação de abandono em que os animais foram encontrados e a morte de dezenas deles, mas também a eventuais danos ambientais provocados à vegetação e ao curso hídrico existentes no local. O dono da propriedade nega as acusações.

Entre as diligências determinadas pelo promotor de Justiça Cassio Sartori estão a requisição de documentos relativos à fazenda assim como laudo elaborado pelo Centro de Apoio à Execução (CAEx) do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).

Na próxima segunda-feira (6), haverá uma reunião envolvendo as autoridades competentes para tratar do caso.

Na esfera criminal, o MPSP aguarda a conclusão dos dois inquéritos policiais atualmente em tramitação para analisar as possíveis responsabilizações penais.

Patrulhamento aéreo

Na quinta-feira, a Polícia Ambiental encontrou dois búfalos desgarrados e uma carcaça, durante sobrevoo sobre a fazenda.

Segundo informações da Polícia Ambiental, durante o patrulhamento aéreo, que durou cerca de 1h30, foi avistada uma carcaça de animal aparentando ser búfalo em uma lavoura de soja.

Também foram encontrados dois animais vivos dentro do ribeirão Bebedouro, local, segundo os policiais, de difícil acesso por terra.

Os policiais também colheram informações que serão confrontadas com dados disponíveis no Cadastro Ambiental Rural da fazenda e outras fontes de informações geoespaciais.

Entenda o caso

Em 6 de novembro, em fiscalização da Polícia Ambiental na fazenda Água Sumida, em Brotas, após denúncias, foram encontrados centenas de búfalos em péssimas condições de nutrição e sem água e sem comida, além de 22 carcaças.

A Polícia Ambiental multou o proprietário da fazenda, Luiz Augusto Pinheiro de Souza, em R$ 2,133 milhões. Dias depois ele foi preso por maus-tratos de animais, mas pagou fiança e está em liberdade.

O proprietário da fazenda deu uma entrevista para o g1 negando que houvesse maus-tratos. Ele disse que os animais não tinham pasto por conta da estiagem e atribuiu a perda de peso dos animais à idade avançada.

Também dias depois, a Polícia Ambiental aplicou novas multas, uma por maus tratos e outra por degradação de área de preservação ambiental. As três multas somam mais de R$ 4 milhões.

Voluntários de várias partes do Brasil foram para Brotas para cuidar dos animais, a maioria fêmeas e, muitas delas, prenhas. Eles montaram um hospital de campanha no local. Recentemente, eles conseguiram a autorização da justiça também para montar piscinas e outras estruturas para o bem-estar dos animais.

Após autorização de órgãos de saúde, os voluntários puderam enterrar as carcaças dos animais que estavam expostas na fazenda.