Serviço Florestal Brasileiro (SFB) realiza, de 10 a 15 de novembro, em Campo Grande (MS), a capacitação das equipes que irão a campo para a coleta de dados do Inventário Florestal Nacional (IFN) no bioma Pantanal. Ao todo, 39 profissionais serão treinados para levantar informações sobre vegetação, solo e outros atributos florestais em 273 Unidades Amostrais distribuídas pelo bioma. A formação ocorre na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e conta com professores da instituição e convidados, com o objetivo de apresentar a metodologia do IFN e alinhar os procedimentos de campo. Após o treinamento, inicia-se a etapa de coleta de dados em campo.
É a primeira vez que o IFN é realizado no bioma Pantanal, o que deve gerar resultados inéditos para as informações florestais do bioma e do país, qualificando diagnósticos, indicadores e decisões de gestão.
“Com a capacitação das equipes e o início das coletas no Pantanal, avançamos na geração de dados robustos para orientar políticas públicas. A combinação de métodos tradicionais do IFN com DNA barcoding e eDNA amplia nossa capacidade de identificar espécies e monitorar a biodiversidade em uma das áreas úmidas mais importantes do planeta”, afirma Clarisse Cruz, diretora de Fomento Florestal do SFB.
O levantamento integra o esforço nacional de monitoramento das florestas brasileiras, ampliando o conhecimento sobre a diversidade e as características dos ecossistemas do país. Com mais de 150 mil km², o Pantanal, localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, é a maior planície inundável do mundo e abriga elevada riqueza biológica. Durante a estação chuvosa, grande parte do bioma é inundada, formando uma rede de ecossistemas aquáticos e terrestres com diferentes formações vegetais e condições hidrológicas.
Inovação metodológica
No Pantanal, o SFB iniciará a coleta de tecido vegetal das plantas amostradas para compor uma biblioteca de DNA barcoding, técnica que utiliza pequenos fragmentos de DNA como um “código de barras” para auxiliar na identificação de espécies. A depender dos resultados, a coleta de tecido vegetal poderá ser incorporada à metodologia do IFN nos demais biomas.
Além disso, o SFB e o PPBio-Pantanal (MCTI/CNPq) realizarão a coleta de eDNA (DNA ambiental) nos pontos do IFN para apoiar o inventário da biodiversidade. O eDNA, material genético liberado pelos organismos no ambiente, permite monitoramento não invasivo por meio da análise de DNA presente em água, solo ou outros substratos, aumentando a capacidade de detectar espécies raras, exóticas ou de difícil observação direta.
As coletas do IFN também apoiarão o PROTAX (Programa de Apoio a Projetos de Pesquisas para a Capacitação e Formação de Recursos Humanos em Taxonomia Biológica), do CNPq, com amostras botânicas em áreas com baixa amostragem. Com base nos resultados do IFN, o Programa Ecológico de Longa Duração (PELD) do Núcleo de Estudos do Fogo em Áreas Úmidas (NEFAU1/UFMS) prevê análises sobre os impactos das queimadas na vegetação pantaneira.
Sobre o IFN
O Inventário Florestal Nacional é uma iniciativa do Serviço Florestal Brasileiro para produzir informações sobre extensão, composição, estado de conservação e uso das florestas do país. Os dados gerados subsidiam políticas públicas e a gestão sustentável dos recursos florestais, contribuindo para a conservação e a valorização das florestas brasileiras.
A realização do IFN no Pantanal decorre da parceria entre o SFB e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), por meio do projeto “Informações Florestais para uma Gestão Orientada à Conservação e Valorização dos Recursos Florestais do Brasil pelos Setores Público e Privado – Projeto IFN Brasil – ATN/SX-19186-BR”, com recursos do Fundo de Investimento Climático (CIF) e implementação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Texto: Serviço Florestal Brasileiro • Mais informações: ascom@florestal.gov.br • (61) 3247-9511
