De florestas em chamas a regiões castigadas por tempestades, a crise climática já mostra suas consequências no dia a dia da humanidade, comprometendo a vida e os meios de subsistência em todo o mundo.
Entre os muitos impactos dessa crise, um dos mais alarmantes é o aumento da fome. Mas o que exatamente é a crise climática, e como ela está ligada ao desafio de garantir comida na mesa das pessoas? Saiba mais neste artigo!
O que é a crise climática?
A crise climática descreve as rápidas e significativas mudanças no clima do planeta Terra. O termo foi popularizado por cientistas nos últimos anos como forma de destacar sua urgência e gravidade.
Diferentemente de mudança climática, a expressão ‘crise climática’ sugere que essas mudanças não são apenas alterações normais do clima, mas uma situação crítica que exige ações imediatas para mitigar os danos ao meio ambiente, à economia e à sociedade.
Os maiores responsáveis pela crise climática são os seres humanos, que a criaram por meio de atividades como a queima de combustíveis fósseis, o desmatamento e a atividade agropecuária intensiva, principalmente.Essas atividades humanas aumentam a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, que retêm o calor e provocam o aquecimento global. Além do aumento da temperatura do planeta, o aquecimento global causa uma série de alterações no clima e nos ecossistemas.
Quais as consequências da crise climática?
A crise climática prejudica o meio ambiente e a vida humana na Terra. Sua maior consequência é o aumento na frequência e na intensidade de eventos climáticos extremos, como tempestades, secas, ondas de calor e frio e inundações.
Além disso, o aumento da temperatura global está levando ao derretimento acelerado das geleiras e calotas polares, o que contribui para a elevação do nível do mar e consequente inundação de áreas costeiras.
Outra consequência da crise climática são as mudanças nos padrões de precipitação. Enquanto algumas regiões experimentam secas severas, outras enfrentam chuvas intensas e inundações. Esses padrões climáticos irregulares interferem na agricultura do mundo, pondo em risco a segurança alimentar.
A crise climática também impacta os ecossistemas, por meio da perda da biodiversidade. Um relatório do World Wide Fund for Nature (WWF) alerta que, se o aquecimento global chegar a 2ºC, uma perda de 95% dos corais marinhos e de mais de 40% das plantas angiospermas na Amazônia é prevista, além da extinção de 25% das espécies de animais.
As mudanças climáticas afetam a nossa saúde também. O relatório do WWF prevê que cerca de 200 milhões de pessoas correrão o risco de serem contaminadas por malária e outras doenças transmissíveis por insetos ou pela água. Haverá também aumentos nas taxas de diarreia e subnutrição em países de baixa renda.
Ao prejudicar mais os países e comunidades que são menos responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, a crise climática exacerba as desigualdades existentes, comprometendo o acesso à água potável, moradia segura e alimentos saudáveis principalmente para essas pessoas.
Crise climática no Brasil
Os efeitos da crise climática já são sentidos no Brasil de forma significativa. De 2013 a 2022, cerca de 93% dos municípios do Brasil foram atingidos por eventos climáticos, conforme dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Além disso, 4,2 milhões de pessoas tiveram que deixar as suas casas em 47% das cidades brasileiras.
A Amazônia, por exemplo, tem sido particularmente vulnerável às mudanças climáticas. O bioma sofre com a redução das chuvas e os incêndios florestais, muitas vezes causados ilegalmente para atividades agropecuárias e garimpo.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a região registrou mais de 53 mil focos de incêndio de janeiro até agosto de 2024. O número representa um aumento de 80% em comparação ao mesmo período do ano passado e já é o maior para esse período desde 2010.
Sem a reversão da crise climática, segundo o WWF, os períodos de seca na Amazônia serão ainda mais intensos e a região da Caatinga se tornará bem mais árida. Especialmente no Nordeste, as secas já repercutem gravemente a agricultura e a disponibilidade de água, ameaçando a segurança alimentar e os meios de subsistência de milhões de pessoas.
A crise climática no Brasil também atinge negativamente a agricultura. Ainda de acordo com o relatório do WWF, a produção de cereais poderá diminuir em 50%, a de milho em 25% e a de soja em 10%.
O documento também aponta o Norte e o Nordeste como as regiões que serão mais prejudicadas pelo aumento do nível do mar. Já as regiões Sul e Sudeste sofrerão com mais episódios de eventos climáticos extremos, como inundações, secas, tempestades, ondas de calor e ciclones tropicais.
Crise climática e a fome
A crise climática interfere nos chamados sistemas alimentares e, por isso, é um dos motivos que coloca em risco a segurança alimentar de várias partes do mundo. Segundo o WWF, os extremos climáticos foram o principal fator de insegurança alimentar aguda para mais de 56 milhões de pessoas em 12 países no ano de 2022.
Na prática, esses eventos climáticos comprometem a produção agrícola e pesqueira, o que reduz a disponibilidade de alimentos e afeta negativamente a subsistência de milhões de pessoas. Outro aspecto crítico é que as condições climáticas desfavoráveis reduzem a diversidade de alimentos disponíveis, tornando as dietas menos variadas e nutritivas.Em uma declaração recente, o alto comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos, Volker Turk, prevê que a crise climática pode colocar 80 milhões de pessoas a mais em risco de fome até a metade deste século.
Combate à crise climática
O combate à crise climática exige esforços em várias frentes, sendo o principal deles a redução das emissões de gases de efeito estufa, com o objetivo de limitar o aquecimento global.
Um dos pontos-chave no combate à crise climática é o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 13, que visa tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus impactos. O ODS 13 incentiva a integração das políticas climáticas nas estratégias de desenvolvimento e promove a educação e a conscientização sobre as mudanças climáticas.
Todos os países devem se envolver no enfrentamento da crise climática, mas aqueles que estão criando mais problemas têm a responsabilidade de agir primeiro. De acordo com a ONU, os 100 países menos emissores geram apenas 3% das emissões de gases de efeito estufa, enquanto os 10 países com as maiores emissões contribuem com 68%.
A redução da emissão de gases de efeito estufa pode ser alcançada por meio da transição para fontes de energia limpas e renováveis, como a solar e a eólica. Na realidade urbana, por exemplo, uma alternativa cada vez mais conhecida é o transporte elétrico.
Entre outras medidas essenciais para diminuir a crise climática, estão a preservação e a restauração de ecossistemas e, na agricultura, a adoção de práticas e técnicas agrícolas mais sustentáveis.
Outro aspecto importante é a redução do desperdício de alimentos, que ajuda a diminuir as emissões de gases de efeito estufa associadas à produção, transporte e descarte de alimentos.
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