‘Nem um poço a mais!’ convoca para leilão nesta terça (17) no Rio

Por Nísia Floresta

Uma sessão pública do 5º Ciclo da Oferta Permanente de Concessão da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que leiloará 332 blocos de petróleo e gás natural, ocorrerá nesta terça-feira (17), às 8h, no Hotel Courtyard by Marriot, Av Embaixador Abelardo Bueno, 500, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Representantes das entidades da sociedade civil e empresariais que assinaram a carta ao Governo Federal da campanha anti-petroleira ‘Nem um poço a mais!’, em reunião na última sexta-feira (13), propuseram ações-cidadãs a todos que desejarem se engajar na causa.

A campanha defende territórios e comunidades e se opõe à realização de leilões pela ANP para exploração de novos poços. Os ativistas convidam à participação em reunião remota, nesta terça-feira (17), às 9h, por meio do link https://meet.google.com/cmq-dtkx-kcv. Outra proposta é a presença no local onde serão realizados os leilões. O Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal destina R$ 430 bilhões para a indústria petroleira e o Plano Decenal de Energia (PDE) prevê aumento de 10% na exploração de petróleo e gás até 2034.

A carta da campanha ‘Nem um poço a mais!’ foi elaborada no ‘9o Seminário Nacional São Mateus, Vitória-ES, realizado de 27 a 30 de março. A campanha reúne diversas organizações e ativistas ambientais que apontam para as consequências da dependência da sociedade da indústria do petróleo e gás. Representantes de movimentos socioambientais do Norte Fluminense e de outros estados do país aderiram à sugestão de divulgação de vídeos verticais de 30 segundos para apresentação à sociedade de argumentos contra os leilões.  Os ativistas também se manifestam pela reestatização da Petrobras, pelo fim da exploração de poços maduros e pela reparação ambiental.

“Consideramos intolerável este leilão de blocos em bacias por todo o Brasil.  Não suportamos mais toda esta investida fóssil, tão anacrônica em plena emergência climática (…) Não suportamos mais viver sobre o julgo deste conflito permanente com interesses transnacionais das oligarquias do óleo e gás que nos oprimem e destroem. Nós defendemos a vida dos ecossistemas marinhos e trabalhadores da terra e do mar, da nossa casa comum, da qual somos todos interdependentes”, disse a coordenadora da Pastoral da Ecologia Integral/Movimento Laudato Si’ Região Leste 1/Macaé, litoral Norte Fluminense, Virgínia Carvalho.

“Estamos no olho do furacão em Sergipe, onde querem explorar petróleo em águas profundas. Nosso território já está muito degradado por encanamentos de gás e petróleo”, reforça o pescador e membro de comunidade tradicional do Quilombo Quintal da Barra, município de Barra dos Coqueiros-SE, Robério Manoel da Silva. “O Brasil está em contrassenso a tudo que foi discutido até hoje, ficando só no discurso. Está deixando o estado sustentável para ser o estado petrolífero”, frisa Vera Domingos, do Engenho Ilha, Cabo de Santo Agostinho-PE.

O Ciclo da Oferta Permanente de Concessão da ANP é um modelo contínuo de oferta de blocos exploratórios e campos de petróleo e gás natural, onde empresas podem manifestar interesse a qualquer momento. Este modelo foi implementado em 2019.