“A tecnologia não faz sentido se não for para melhorar a vida das pessoas”, acredita o secretário de Integração e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Joinville, Danilo Conti. Ele está à frente do Programa Join.Valle, que pretende fazer de Joinville uma cidade mais criativa, inteligente e humana. E mais do que isto: torná-la referência na América Latina. Os primeiros passos em direção ao título de Cidade Inteligente Humana, que pretende usar a tecnologia da informação para resolver problemas e melhorar a qualidade de vida da população já estão sendo dados e foram divulgados em reportagem publicada na primeira parte da reportagem sobre Cidades Inteligentes que integra esta série especial em homenagem aos 10 anos do jornal Notícias do Dia.
“Nada disso é impossível. Só precisa um pouco de boa vontade, pois a tecnologia existe”
Muitas coisas ainda estão no campo das ideias, mas a Secretaria de Integração e Desenvolvimento quer transformar o Centro de Joinville no primeiro bairro inteligente humano da cidade. “As pessoas precisam voltar a morar aqui”, diz Danilo, como uma das primeiras ações para devolver vida ao lugar à noite.
Ruas compartilhadas para diminuir a velocidade, mais calçadas, espaços para estacionamento próximos ao Centro, transporte público mais barato, áreas de descompressão são outras medidas para tornar o lugar mais atrativo.
O secretário também pensa em atrair empresas de economia criativa para o eixo central da cidade, pois têm baixo impacto ambiental e ajudam a disseminar o debate da inovação. “Nada disso é impossível. Só precisa um pouco de boa vontade, pois a tecnologia existe”, frisa.
Exemplos de cidade inteligente
O que Joinville já tem
– Educação digital. Tablets para alunos do 6o ao 9o ano de escolas da rede municipal e notebook para professores, fibra ótica.
– Novos radares e semáforos de trânsito inteligentes com câmeras de alta definição, integradas ao sistema de trânsito. Contam com tecnologia OCR que têm a capacidade de medir a velocidade, se o veículo furou o sinal vermelho e se parou sobre a faixa de pedestre.
– O novo Portal da Prefeitura, focado em prestação de serviço à população e que agrupa suas funções com base na fase de vida das pessoas.
– Lâmpadas LED nos postes de luz da região central, com redução de 60% do consumo de energia.
– Primeiro Living Lab do Sul do País, que abre espaço para os moradores discutirem os problemas da cidade e apontarem em soluções. Fab Lab faz parte deste contexto de criação de inovação.
– Escola Sustentável Júlio Machado da Luz, no Jativoca, que usa energia solar. É o primeiro case de escola sustentável do País.
O que está por vir
– Plataforma Fiware, que vai reunir e cruzar dados e informações que, nas mãos de empresas, universidades e cidadãos, vão virar matéria-prima para a busca de soluções que vão melhorar a vida da população.
– Modelo de governança Join.Valle.
– Programa de competitividade e inovação de alto impacto que irá estimular e fomentar soluções de cidades inteligentes e humanas.
– Cidade do conhecimento junto ao parque tecnológico.
– Criação de um ecossistema criativo, com fomento ao empreendedorismo criativo e incentivo a atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação de novos produtos, processos e modelos de negócios.
– Plataforma TCC Aplicado que dará a possibilidade para que trabalhos de conclusão de curso (técnico, graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado, etc) sejam aplicados à resolução de problemas reais encontrados na cidade.
– Democratização do acesso à internet.
Visão mais ampla
Pensar e prever o futuro, prever cenários e resolver gargalos antes que se tornem um problema maior. Esta tem sido a missão da Side, desde educação empreendedora, até desburocratização dos serviços ao cidadão como abertura de empresa, lei de eventos e entraves de infraestrutura como aeroporto, Santos Dumont.
Ari Vieira Júnior, gerente da secretaria, cita como exemplo o Comitê Permanente de Desburocratização, que envolve várias pastas, como Meio Ambiente, Fazenda, Saúde, Bombeiros e entes privados, como Sebrae, Acij e Ajorpeme. Este comitê mudou o processo de abertura de empresa no município, que promete encurtar o tempo para conseguir um CNPJ. Expectativa é que saia em cinco dias depois que o prefeito assinar o decreto. Outra mudança é que passa a se analisar a atividade econômico por meio de grau de risco e não mais por faturamento. Ou seja, não é porque a empresa está faturando mais que terá de mudar de endereço ou terá de passar por outros aspectos burocráticos.
“A função da secretaria é melhorar o ambiente econômico do município para reduzir os gargalos. Para ser uma cidade inteligente é preciso fazer com que os processos sejam menos burocráticos. Temos de tirar entraves e deixar fluir”, finaliza Ari.
A mentalidade está mudando até na política de assistência social do município, que deixou de ser assistencialista para estimular o empreendedorismo, dando todas as ferramentas de gestão para que ele possa ter segurança do negócio e ser bem sucedido. É promover autonomia.
Marcos Rodrigues Faust, gerente da unidade de geração de renda da Assistência Social, lembra em julho do ano passado a secretaria passou a treinar assistentes sociais para repassar noções de comportamento empreendedor, planejamento prévio e ferramentas de gestão. Isto em parceria com o Sebrae, Consulado da Mulher, Instituto Ajorpeme e Aciij.
Foram realizados também oito encontros para mostrar onde o negócio pode avançar e quais são as fragilidades. Também são repassadas noções de associativismo. A equipe que também conta com psicólogo, pedagogo e um administrador ainda trabalha o desenvolvimento pessoal para dar empoderamento ao empreendedor.
Ao todo, 47 pessoas fazem parte deste projeto e elas serão acompanhadas durante dois anos por esta equipe.