Emergência climática, negligências, negacionismo e o mar invadindo o bairro Fronteira, Macaé, RJ

Por Thièrs Wilberger

A situação no bairro Fronteira em Macaé, RJ, ilustra de forma aguda como emergências climáticas, negligências e negacionismo podem convergir para agravar a vulnerabilidade das comunidades costeiras. A destruição de casas devido a tempestades e ressacas, exacerbada por uma série de fatores históricos e atuais, é um reflexo das complexas interações entre políticas públicas, mudanças climáticas e atitudes sociais.

Emergências Climáticas

As emergências climáticas, como tempestades intensas e ressacas, estão se tornando cada vez mais frequentes e severas. Estes eventos são impulsionados pelas mudanças climáticas globais, resultantes do aquecimento global, que aumentam a energia disponível na atmosfera e nos oceanos. Em Macaé, esses fenômenos têm causado destruição significativa de propriedades, deslocamento de residentes e perda de infraestrutura crítica. Alagamentos e enchentes são frequentes, causando grandes transtornos à toda a população.

Negligências

A negligência na gestão urbana e ambiental ao longo dos anos tem contribuído significativamente para os problemas enfrentados pelos bairros da cidade Fronteira, Malvina, Nova Holanda, Nova Esperança, Barra de Macaé, Rio Novo, Visconde de Araújo, Miramar, Lagoa de Imboassica e seu entorno, Parque Aeroporto, Complexo da Ajuda, Imburo, todos já passaram por alguma situação de emergência com enchentes. Entre as mazelas da “Princezinha do Atlântico destaco:

* Planejamento Urbano Deficiente: A falta de um planejamento urbano adequado que considere as características geográficas e os riscos naturais da área tem resultado em construções vulneráveis e infraestrutura inadequada.

* Proteção Ambiental Insuficiente: A destruição das restingas, brejos, lagoas e outras áreas úmidas naturais, como os manguezais e apicuns, é um exemplo de como a falta de políticas ambientais robustas pode ter consequências catastróficas e duradouras. Um exemplo é na Fronteira, onde a restinga, que atuava como uma barreira natural contra a erosão e as ressacas, foi destruída, deixando a área desprotegida, causando destruição e terror por dias seguidos.

* Manutenção Inadequada: A falta de manutenção e atualização das infraestruturas existentes agrava os impactos dos eventos climáticos, tornando as casas e outras estruturas mais suscetíveis a danos.

Negacionismo

O negacionismo climático também desempenha um papel crucial na perpetuação e agravamento dos problemas:

* Falta de Ação: A negação ou minimização das mudanças climáticas impede a implementação de políticas e medidas necessárias para mitigar seus impactos. Isso resulta em uma falta de preparação e resposta adequada a desastres naturais.

* Desinformação: A disseminação de informações incorretas ou enganosas sobre a ciência do clima pode desviar a atenção das soluções necessárias e criar um ambiente de inação.

* Barreiras Políticas: Políticos e líderes que negam a realidade das mudanças climáticas podem obstruir a legislação e os investimentos em infraestrutura resiliente e medidas de adaptação climática.

Destruição de Casas no Bairro Fronteira

A combinação de emergências climáticas, negligência e negacionismo tem resultado a destruição frequente de casas no bairro Fronteira, criando uma zona condenada pela Defesa Civil, afetando centenas de pessoas.

* Perda de Moradia: As tempestades e ressacas destroem as casas, deixando muitas famílias desabrigadas e forçando-as a buscar abrigos temporários.

* Impacto Socioeconômico: A destruição de propriedades afeta a economia local, aumentando os custos de reparação e reconstrução, além de interromper as atividades econômicas.

* Risco de Vidas: A destruição física das casas expõe os moradores a riscos imediatos, como ferimentos e perda de vidas, além de criar um ambiente de insegurança constante, afetando psicologicamente os moradores da área de risco.

Caminhos para a Solução

Para enfrentar esses desafios, é crucial adotar uma abordagem integrada que inclua:

* Políticas de Adaptação e Mitigação: Implementar políticas que fortaleçam a resiliência das comunidades costeiras às mudanças climáticas, incluindo a preservação e restauração de ecossistemas naturais como a restinga e os manguezais.

* Planejamento Urbano Sustentável: Desenvolver planos urbanos que considerem os riscos ambientais e incluam infraestruturas resilientes e seguras.

* Educação e Conscientização: Combater o negacionismo climático através da educação e da conscientização pública sobre a importância da ciência climática e a necessidade de ação.

* Apoio às Comunidades Afetadas: Prover suporte contínuo às comunidades afetadas, incluindo assistência na reconstrução de casas e infraestrutura, além de programas de relocação para áreas seguras.

A situação no bairro Fronteira em Macaé é um exemplo claro de como a combinação de fatores climáticos e humanos pode levar a desastres evitáveis. A adoção de políticas e práticas mais conscientes e sustentáveis é essencial para proteger essas comunidades e garantir um futuro mais seguro e resiliente.