O Brasil irá aderir ao Desafio de Bonn e à Iniciativa 20×20, com uma contribuição voluntária para restaurar, reflorestar e promover a regeneração natural de 12 milhões de hectares até 2030.
Os ministros Sarney Filho e Blairo Maggi, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, chegaram a esse entendimento durante a Convenção das Partes sobre Diversidade Biológica (COP 13), que está sendo realizada em Cancún, no México.
Com o objetivo de dar maior escala aos esforços brasileiros de adaptação à mudança do clima, orientados pelo Plano de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (Plano ABC), Sarney Filho anunciou, na plenária da COP 13, que serão implementados, até 2030, ao menos 5 milhões de hectares de sistemas agrícolas que combinem agricultura, pecuária e floresta. Essas contribuições brasileiras serão contabilizadas desde 2005.
A contribuição voluntária do Brasil à Iniciativa 20×20 também inclui a recuperação de 5 milhões de hectares de pastagens degradadas até 2020, assim como outras tecnologias que visam ao aumento da resiliência da agricultura brasileira às mudanças do clima.
Para Sarney Filho, “a adesão do Brasil mostra que os dois ministérios estão alinhados e atuando juntos na promoção do desenvolvimento sustentável do Brasil, como já ocorreu na ratificação do Acordo de Paris sobre a mudança do clima”.
Desafio de Bonn
O Desafio de Bonn é um esforço internacional não vinculante de recuperação da paisagem florestal para restaurar 150 milhões de hectares de áreas desmatadas ou degradadas até 2020, e uma extensão adicional de 200 milhões de hectares até 2030. Foi lançado durante mesa redonda em Bonn, na Alemanha, em setembro de 2011.
Essa recuperação pode ocorrer com espécies nativas e exóticas, com restauração assistida ou natural, e tem como objetivo resgatar a funcionalidade ecológica e promover o bem-estar humano na paisagem.
A Iniciativa 20×20 é uma plataforma que visa à recuperação de 20 milhões de hectares de áreas produtivas na América Latina e Caribe. A proposta prevê a recuperação e conservação de solos produtivos, a integração de sistemas agrícolas, bem como o engajamento de investidores para financiar as atividades dessa iniciativa.
Exploração de madeira
O diretor-geral do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Raimundo Deusdará, defendeu em Cancún o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e outras iniciativas que estão sendo adotadas no Brasil contra o desmatamento, exploração e comércio ilegal de madeira, durante entrevista organizada pela União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO).
De acordo com o diretor, as ações do SBF estão alinhadas com a preocupação global com a exploração ilegal de madeira. Entre os instrumentos citados por Deusdará para fiscalizar as concessões florestais, está o aplicativo de rastreabilidade da madeira, que é gratuito e permite ao consumidor verificar a origem legal e sustentável do produto oferecido no mercado.
Ele também fez referência ao Sistema de Cadeia de Custódia das Concessões Florestais, com o objetivo de controle da produção e da saída dos produtos madeireiros em Florestas Públicas da União.