Por Marcos Pędłowski
Vivo em Campos dos Goytacazes desde janeiro de 1998 e sofro, como a maioria das pessoas, com as temperaturas esturricantes de boa parte do ano. Por isso, desde minha chegada fico impressionado com a falta de arborização na maioria das ruas, onde existem pouquíssimas exceções de boa cobertura vegetal em áreas públicas. Uma das poucas áreas que tinham árvores suficientes para criar uma espécie de microclima mais suave era até dois dias atrás, a esquina entre as avenidas Felipe Uébe e 28 de março (ver imagem abaixo).
No entanto, aquele verde todo agora é passado. É que, provavelmente para dar maior visibilidade à nova filial da rede local de supermercados Superbom, um verdadeiro massacre da serra elétrica foi promovido em via pública, causando um misto de poda drástica com a remoção total de alguns indivíduos (ver vídeo abaixo).
O mais incrível é que presenciei o uso extensivo de servidores da Guarda Civil Municipal para orientar o trânsito enquanto a Filipe Uébe permaneceu fechada para que a operação das motosserras fizesse o trabalho de remover árvores que proviam abrigo para pássaros e amenizavam as temperaturas naquela região da cidade.
Quem não estava aparente na cena era algum servidor da recém-criada Secretaria Municipal de Meio Ambiente, órgão da administração direta municipal que deveria zelar pela pouca arborização de rua existente nesta cidade calorenta. Entretanto, talvez para alegar desconhecimento, ninguém da SEMMA parecia estar por lá. Digo isso porque passei várias vezes pela área durante o abate das árvores, seja como motorista, seja como usuário da ciclovia. Aliás, espero sinceramente que as poucas árvores existentes na ciclovia não se tornem alvo da sanha de abate que vitimou as figueiras da calçada em frente.
Uma coisa não posso dizer que me surpreende: a falta de compromisso com a qualidade climática da nossa cidade, seja por empresários ou pelos governantes. Como venho orientando estudos sobre a questão da adaptação climática em nível municipal, sei que aqui perdura uma visão negacionista da gravidade do problema.
Isso não quer dizer que não se pode notar o descalabro que é ter árvores removidas das vias públicas para que uma determinada empresa tenha sua marca mais visível, como se isso fosse garantia de bons negócios.










