“Eu espero fazer através da ciência algo que ultrapasse minha capacidade física de ajudar alguém”, afirma o estudante Ygor Requenha Romano, de 18 anos. O jovem, morador de Araraquara, em São Paulo, é o criador de uma máquina de tratamento de água movida a energia solar e que custa apenas mil reais.
Premiado na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia da Universidade de São Paulo (Febrace), o equipamento é capaz de atender até 50 pessoas, não precisa de manutenção e foi pensado para ajudar aqueles que sofrem com a falta de água potável.
“Eu espero fazer através da ciência algo que ultrapasse minha capacidade física de ajudar alguém”
De acordo com Romano, “o protótipo faz tratamento físico, químico e microbiológico da água, retira metais pesados, e ainda é modular e portátil para facilitar o acesso a comunidades sem infraestrutura”.
Inspiração
Na época em que desenvolveu a máquina, o rapaz morava em Rondônia e estudava em uma escola pública da região. Agora, depois de ganhar uma bolsa de estudos em um colégio de Araraquara (SP), ele vai terminar o Ensino Médio e se preparar para ingressar na universidade.
A ideia para criar o equipamento surgiu a partir da própria experiência do estudante ao fazer um projeto científico para comunidades indígenas e ribeirinhas da região amazônica, que não têm acesso a esgoto. Pensando nisso, ele realizou estudos sobre métodos de tratamento de água, engenharia dos materiais, botânica, microbiologia, entre outros temas.
Para construir o protótipo e custear a iniciativa, Ygor trabalhava incansavelmente durante a semana. “Como forma de financiar a pesquisa, eu trabalhava aos fins de semana como ajudante de florista. Foi a partir disso que comecei a estudar botânica, a anatomia das flores e suas diferentes eficiências no processo de fotossíntese”, conta.
Romano atribui o sucesso do projeto a algumas pessoas que o ajudaram, como sua mãe Diva e a irmã Aline, além do zelador de sua antiga escola, o senhor Gaudêncio, que cedeu a serralheria que tem em casa para que o jovem trabalhasse na construção da máquina.
“Quando terminei meu primeiro protótipo e o vi em perfeito funcionamento, o resultado de varias horas de trabalho se concretizou. Sabia que esse não era apenas resultado do meu esforço, mas também da minha família e dos amigos que me ajudaram”, lembra.
Prêmio internacional
Por causa de sua máquina inovadora para o tratamento de água, o jovem conquistou o 3º lugar da Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel (Intel ISEF), com um prêmio de mil dólares. O evento ocorreu no Arizona, nos Estados Unidos, e o morador de Araraquara (SP) se destacou na categoria de Engenharia Ambiental.
O protótipo de Ygor ficou entre os 50 melhores projetos das três Américas, em uma premiação realizada no primeiro dia da Feira.
Agora, o garoto pretende continuar com suas pesquisas, trabalhar no aprimoramento dos projetos e poder disponibilizá-los a comunidades remotas do Brasil de forma gratuita por meio de campanhas de financiamento coletivo e apoio de empresas do setor privado. “Quero transformar de forma positiva a realidade de milhares de pessoas da região da Amazônia legal e demais regiões do Brasil.”.
Em um futuro próximo, o estudante quer cursar uma faculdade de Engenharia Física, dentro ou fora do país.