PSR estima redução de até R$ 2,3 bi em custos do sistema com baterias e reversíveis

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Por Poliana Souto para Mega What

Tecnologias como baterias de íon-lítio e usinas hidrelétricas reversíveis podem reduzir os custos médios do sistema elétrico brasileiro em até 16% em 2029. A conclusão é de um estudo da PSR, que comparou a configuração atual dos recursos de geração de energia elétrica disponíveis para atender à demanda com os custos dessas tecnologias de armazenamento de energia elétrica.

Um dos cenários considerados prevê a contratação de até 32 GW em termelétricas a gás natural de ciclo aberto, distribuídos nos quatro subsistemas e com com custo unitário variável de R$ 1.000/MWh.  

Em outro cenário, a mesma capacidade seria adicionada por baterias com capacidade de suprimento por quatro horas, o que diminuiria os custos do sistema, em média, em R$ 1,958 bilhão, ou 13%, em relação às termelétricas.

Considerando ainda a instalação de hidrelétricas reversíveis com duração de até 100 horas de armazenamento, o custo médio do sistema seria reduzido em R$ 2,298 bilhões, quase 16% abaixo do cenário das térmicas a gás.

“O armazenamento de energia é peça-chave para a transição energética brasileira. Ele contribui para reduzir custos sistêmicos viabilizando maior participação de fontes renováveis na matriz elétrica, mas precisa de condições regulatórias e econômicas que viabilizem sua expansão”, destaca Luiz Barroso, CEO da PSR. 

Contexto brasileiro 

O estudo avalia que o Brasil possui uma matriz elétrica majoritariamente renovável, mas o avanço das fontes solar e eólica traz desafios de flexibilidade e segurança do suprimento. Os sistemas de armazenamento de energia surgem como solução estratégica e podem garantir confiabilidade do sistema, reduzir custos operacionais e permitir maior participação de renováveis. 

A PSR estima que, em 2029, a carga líquida pode chegar a 70 GW, exigindo recursos capazes de responder rapidamente aos comandos do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), incluindo 6 GW para rampas de uma hora; 20 GW para rampas de quatro horas; e 30 GW para rampas de sete horas. 

Termelétricas e hidrelétricas podem suprir boa parte dessa flexibilidade, mas não serão suficientes, abrindo espaço para tecnologias de armazenamento de energia. 

Para cumprir este papel, a PSR destacou as baterias de íons de lítio, com duração de até quatro horas, e as hidrelétricas reversíveis, com duração de até 100h. A adoção poderia reduzir o curtailment de energia renovável, fornecer serviços ancilares e diminuir os custos operacionais do sistema. 

O estudo ressalta que o armazenamento reduz custos, mas não substitui totalmente a geração firme, sendo necessária a combinação das fontes.  

Viabilidade no Brasil 

O uso de sistema de armazenamento ainda é limitado no país e tem ocorrido via projetos pilotos, incluindo uma planta híbrida (bioenergia + solar + bateria) em Forte de São Joaquim (RR), o projeto de baterias de 30 MW da ISA Energia no interior de São Paulo e um projeto de Pesquisa e Desenvolvimento de bateria de 1 MW da Copel (PR). 

Para a consultoria, o custo alto e tributação elevada são desafios para viabilidade dos sistemas no país, assim como o modelo de preços de energia por custo, sem grandes oscilações ao longo do dia mesmo com a variação de oferta e demanda.

Para serem rentáveis apenas com arbitragem de preços, a PSR aponta que as baterias, com quatro horas de duração, precisariam de uma diferença média diária de preço entre US$ 72 e US$ 152 por MWh, considerando uma vida útil de 15 anos. 

Assim, a PSR considera que o armazenamento não é viável apenas com arbitragem no Brasil, sendo necessários mecanismos adicionais de remuneração, como serviços ancilares e participação em leilões específicos. 

Já as usinas reversíveis, para realizarem atividade semelhante, precisariam de uma diferença média diária de preço entre US$ 65 e US$ 161 por MWh, sustentada por oito horas por dia, considerando uma vida útil de 40 anos.