Um levantamento realizado por pesquisadores do Mestrado Profissional em Ciências do Meio da Ambiente da Universidade Veiga de Almeida (UVA) mostrou que, em 12 anos, o Rio de Janeiro passou a gerar 363 toneladas de lixo diariamente. O volume, segundo os estudiosos, equivale a 2,6 estádios do Maracanã cheios de lixo do chão ao topo anualmente. A pesquisa verificou que 40% dos resíduos são de materiais recicláveis, sendo 16% de papel ou papelão; 17,8%, de plástico; 3,3%, vidro; e 2,9%, de metal.
Apesar de quase metade dos resíduos sólidos fluminense serem composto por recicláveis, o Estado tem baixos índices de reciclabilidade, segundo dados de 2022 do Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir), do Ministério das Cidades e do Sistema Nacional de Sistema de Saneamento (SNIS). A média nacional de reaproveitamento de materiais é de 1,67%; a fluminense, de 0,49%, sendo que média da cidade do Rio é ainda mais baixa: 0,37%.
Na comparação dos dados do Censo 2022 do IBGE com o Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Estado do Rio de Janeiro (Pers), feito com base no Censo de 2010 e lançado em 2013, entre 2010 e 2022, a geração de lixo no território fluminense saltou de 16.970 toneladas para 17.333, registrando um acréscimo de 2,14%, índice que resulta, em números absolutos, em uma produção anual de 130.680 toneladas de lixo.
“Há impactos do ponto de vista ambiental, em função dos potenciais impactos do descarte inadequado; econômico, devido aos custos com coleta, transporte, destinação final e disposição final dos resíduos; e social, quando percebemos que, apesar dos esforços para redução, reutilização e reciclagem dos resíduos, a sociedade fluminense ainda não conseguiu frear a geração”, afirmou o pesquisador, professor e um dos autores da pesquisa, Carlos Eduardo Canejo.
O estudo verificou que a produção de resíduos na Região Metropolitana e na capital fluminense, no entanto, sofreram ligeiros recuos em uma década: passaram de 84,14% para 81,20% – o que representa 203,94 toneladas por dia; e menos 145 toneladas na geração de lixo diária – marcas metropolitana e da capital, respectivamente. Em contrapartida, a cidade de Maricá passou de 106,67 para 167,71 toneladas diárias desses resíduos – aumento de 54,79%.
Os números, segundo os estudiosos, acendem a luz amarela para os cuidados com a gestão de rejeitos no território fluminense diante da configuração populacional.
“A redução na capital reduz custos de coleta e de disposição final, além de aumentar um pouco a vida útil do aterro sanitário de Seropédica, único local de destinação dos resíduos da capital. No entanto, pequenas cidades como Maricá enfrentam desafios maiores em função do incremento nos custos em toda a cadeia de gerenciamento e na disposição final ambientalmente adequada dos resíduos”, pontou Ricardo Soares, coordenador do Mestrado Profissional em Ciências do Meio Ambiente da UVA e coautor da pesquisa.
As cidades, que contam com incremento populacional e que ainda têm lixões ativos são ainda mais vulneráveis. Municípios com lixões sofreram um aumento considerável na geração diária de resíduos sólidos: de 37,4% em Italva, 31,2% em São Fidélis, 29,4% em Cambuci, 25,1% em Natividade, 24,5% em Porciúncula, 17,4% em Bom Jesus do Itabapoana, 15,4% em Resende, 14,3% em Itaperuna, 12,9% em Teresópolis e 4,6% em Cordeiro.
“É preciso incorporar os dados do Censo 2022 na necessária atualização do Plano Estadual de Resíduos Sólidos, documento fundamental para a formulação de políticas públicas ambientais voltadas para a gestão de resíduos em atendimento às diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Esse levantamento pode apoiar a atualização das políticas e orientar tomadas de decisão eficazes pelo poder público”, afirmou o professor Ricardo Soares.
Informações: Veja Rio