Combustíveis fósseis: a crise é estrutural

Martinho Santafécaminhoneiros

O Brasil produz cerca de 2,3 milhões de barris diários de petróleo e consome em torno de 2,2 milhões de barris/dia, mas mantém o fluxo de exportação e importação por conveniência e necessidade, importando o óleo leve para suas refinarias e exportando para obter superavit na balança comercial. Por se tratar de uma commodity, os preços oscilam de acordo com o volume produzido e os humores do mercado internacional, que podem variar com a explosão de uma bomba no Iraque, um atentado terrorista na Europa ou uma atitude irresponsável de Trump, por exemplo.

E o que tudo isso tem a ver conosco? Primeiro, que a Petrobras esta fazendo o que todas empresas petrolíferas com ações nas bolsas e milhares de investidores fazem: acompanhar as oscilações dos preços para evitar prejuízos. Os governos passados represaram as variações do mercado e, somando a corrupção desenfreada, quase quebraram a estatal. Lembrando que os impostos para distribuidores e consumidores são escorchantes: 41% sobre a gasolina e 27% sobre o diesel e o etanol.

Para estados e municípios produtores, a fase atual é promissora, mas penaliza o bolso dos consumidores e, infelizmente, não há solução à vista por uma questão estrutural: o país destruiu sua malha ferroviária e o transporte público padece de ineficiência crônica.

Em consequência, enquanto 100 carretas transportam em rodovias esburacadas e inseguras volume equivalente a uma só composição ferroviária, você, que tem automóvel, é obrigado a utilizá-lo todos os dias para se locomover decentemente.

Resumindo: o país continua sendo um refém indefeso dos combustíveis fósseis. Ruim para o bolso, pior para o meio ambiente!